Tiroteio em Nova York deixa dez feridos

ESTADOS UNIDOS

Tiroteio em Nova York aconteceu quando um grupo de homens abriu fogo contra uma multidão

Local dos tiros em Nova York (Foto: Reprodução)

Alexandre Bittencourt

(Folhapress) Dez pessoas ficaram feridas nesta terça-feira (1º) em um tiroteio em frente a uma casa noturna em Nova York, o terceiro ataque com grande número de vítimas no mesmo dia nos Estados Unidos, sinalizando um início de ano de violência e comoção pouco antes de Donald Trump tomar posse como presidente.

O tiroteio em Nova York aconteceu quando um grupo de homens abriu fogo contra uma multidão. As vítimas incluem seis mulheres e quatro homens, que não correm risco de morte, segundo a polícia.

No mesmo dia, um ataque terrorista realizado por um veterano do Exército americano matou 15 pessoas e feriu mais de 35 em Nova Orleans, e uma bomba em um carro da Tesla em frente a um hotel de Trump em Las Vegas matou um e feriu outros sete.

As autoridades americanas investigam se há ligação entre esses dois eventos —além de terem acontecido no dia de Ano-Novo e em lugares movimentados de cidades turísticas dos EUA, os motoristas nos dois casos alugaram carros pelo mesmo aplicativo, chamado Turo.

O presidente dos EUA, Joe Biden, fez um pronunciamento a respeito dos dois atentados tão próximos um do outro e disse que a polícia investiga uma possível conexão. Antes disso, Biden havia telefonado para a prefeita de Nova Orleans e prometido “todo o apoio do governo federal” às autoridades locais.

Entretanto, faltando menos de 20 dias para a posse de Trump, as reações do presidente eleito chamaram mais atenção do que as do democrata. O republicano disse que seu futuro governo “apoiará completamente a cidade de Nova Orleans enquanto se recupera desse ato de maldade pura” e relacionou o ocorrido à imigração ilegal —embora o autor do atentado tenha sido um cidadão americano.

“Quando eu disse que criminosos entrando no nosso país são muito piores do que os criminosos que já estão aqui, o Partido Democrata e a mídia fake news refutaram essa frase constantemente, mas acontece que ela é verdadeira”, escreveu Trump.

O agressor em Nova Orleans era um cidadão americano de 42 anos, nascido no Texas, e que serviu o Exército dos EUA por 13 anos, incluindo um período no Afeganistão. Segundo o FBI, ele carregava consigo uma bandeira do Estado Islâmico, o grupo terrorista ativo no Oriente Médio.

A reação de Trump ao caso dá o tom do que esperar em ocorrências parecidas nos próximos quatro anos. Enquanto a resposta de Biden, em especial em relação a ataques a tiros contra escolas, era a de pressionar o Congresso para aprovar leis de controle de armas, a de Trump deve seguir o roteiro visto nesta terça: uma declaração desconectada dos fatos do caso e utilizada para promover os objetivos políticos do presidente.

Em Las Vegas, chamaram a atenção tanto o fato de a explosão ocorrer em frente a um hotel com o nome do presidente eleito, quanto o fato de carro alugado ter sido um Cybertruck, veículo projetado pela fabricante Tesla, do bilionário Elon Musk.

O empresário, além de ser o homem mais rico do mundo, tornou-se uma das pessoas mais próximas de Trump depois que utilizou sua fortuna, conexões com a elite financeira e da tecnologia dos EUA e controle da rede social X para ajudar a eleger o republicano à Casa Branca. Estima-se que Musk tenha gasto cerca de US$ 250 milhões, ou R$ 1,5 bilhão, em doações para a máquina partidária de Trump.

Após a vitória do republicano, o investimento de Musk deu retorno: além de conseguir um cargo no governo, responsável por sugerir cortes de gastos, a influência do bilionário nas escolhas para cargos-chave e demais decisões de Trump como presidente eleito se mostrou maior até do que previam analistas que identificaram o alinhamento do empresário com o universo trumpista muito antes das eleições.

Em meio a todo esse contexto, o carro explodido em Las Vegas, o Cybertruck, tornou-se ele próprio símbolo da guerra cultural fomentada por Musk na sua rede social. Com um design futurista e ênfase na resistência do material utilizado, Musk promoveu o Cybertruck como uma espécie de símbolo da direita trumpista: há um sem-número de vídeos virais de influenciadores desse campo político mostrando o veículo resistindo a tiros e disputando corrida com carros de luxo.

Do lado oposto, críticos de Musk e Trump divulgam imagens do carro apresentando falhas elétricas, trancando motoristas para fora, parando de funcionar no frio ou no calor, e destacando como suas características colocam pessoas em perigo.

O próprio Musk dobrou a aposta depois da explosão —que ele trata como “um possível ato de terrorismo”. Em uma publicação no X, o bilionário afirmou que o suposto autor do atentado “escolheu o carro errado para um ataque terrorista. O Cybertruck conteve a explosão e dirigiu o impacto para o alto. Nem mesmo as portas de vidro do hotel foram quebradas”.

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