Um incêndio na noite de 16 de setembro destruiu parte da processadora de alumínio Novelis, em Oswego, Nova York, e terá impactos significativos para a Ford Motor Co., possivelmente se estendendo a outras fabricantes de veículos até o início de 2026.
Controlada pela indiana Hindalco, a Novelis fornece cerca de metade das chapas de alumínio usadas pela indústria automobilística dos Estados Unidos, incluindo clientes como Ford, General Motors, Stellantis, Hyundai e Volkswagen.
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Fonte: Jason Vogel
A Ford é a maior usuária do alumínio processado pela companhia. O material é empregado principalmente nas carrocerias das picapes da Série F (F-150 e F-250), como forma de reduzir peso (quase 340 kg por veículo), aumentar a capacidade de reboque e evitar a corrosão.
Desde o lançamento de sua 13ª geração, em 2015, essas picapes têm cabine e caçamba quase inteiramente de alumínio. Componentes da suspensão também utilizam o material, que é adotado ainda no bloco e nos cabeçotes dos motores V6. Apenas a parede corta-fogo e o chassi continuam sendo de aço.

Desde 2015 as F-150 usam carroceria de alumínio
Foto de: Jason Vogel
A interrupção afetará fortemente a produção das picapes — os modelos mais vendidos pela Ford nos Estados Unidos. Entre janeiro e setembro de 2025, foram emplacadas 620.580 unidades da Série F no país, um crescimento de 14% em relação ao mesmo período de 2024.
A linha de produção das picapes elétricas F-150 Lightning na histórica fábrica de River Rouge, em Dearborn, também será paralisada, conforme apurou a agência Reuters. Um memorando aos funcionários informa que a unidade será fechada na semana que vem.

F-150 Lightning na linha de produção
Foto de: Jason Vogel
Ações em queda e busca por alternativas
As ações da Ford caíram cerca de 7% após a divulgação das notícias, refletindo preocupações sobre a produção da F-150. Analistas estimam que a redução na fabricação das picapes representará uma perda de US$ 500 milhões a US$ 1 bilhão nos lucros da companhia, dependendo do tempo em que o fornecimento de alumínio permanecer comprometido. Como referência, a companhia registrou um lucro líquido de US$ 5,9 bilhões no ano passado.
O incêndio atingiu especificamente o setor da Novelis responsável pela laminação a quente, onde o metal é levado a altas temperaturas e depois reduzido em espessura para formar chapas, tiras ou placas. A companhia vem trabalhando dia e noite para restaurar a operação, mas prevê que a retomada só será possível no início do primeiro trimestre de 2026.

A fábrica da Novelis em Oswego, Nova York, antes do incêndio
Foto de: Jason Vogel
Líder na produção de alumínio plano laminado e maior recicladora de alumínio do mundo, a Novelis tem instalações em nove países nas Américas (inclusive no Brasil), Europa e Ásia. Para minimizar o impacto do incêndio, a empresa ativou sua rede global de fábricas e firmou parcerias com outras indústrias do setor, mas enfrenta desafios devido a tarifas de importação de 50% nos EUA. Além disso, a capacidade de produção disponível entre os concorrentes é limitada, o que pode prolongar os efeitos da interrupção na cadeia de suprimentos automotiva global.
É mais um desafio para a Ford, que já lida com preços elevados do aço e do alumínio, mudanças rápidas no mercado e fragilidades na base de fornecedores após a pandemia de Covid-19 e a greve operária nos EUA entre setembro e outubro de 2023. Outras fabricantes, como GM, Stellantis, Toyota, Rivian e Nissan, acompanham o caso, mas não esperam impactos tão relevantes em suas operações.
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